O formol, teoricamente, não quebra as pontes dissulfeto e não há
amolecimento da fibra como no alisamento convencional. Se houvesse, os cabelos
não retornariam à ondulação natural em alguns dias após a aplicação, já que a
quebra das ligações dissulfídicas (como nos alisantes) são irreversíveis. É
justamente por este motivo que se acreditava que o formol não tinha
incompatibilidades químicas.
O que acontece é um enrijecimento da queratina e uma paralisação das
ligações cistínicas, do tipo alfa α, num formato esticado. Ocorre mais uma
reação mecânica que uma reação química propriamente dita. O formol retira água
e gordura (lipídeos), agindo como um fixador. Ele tem a capacidade de manter
peças de cadáveres intactas, a partir deste raciocínio podemos perceber como
age o formol na fibra capilar: após os cabelos serem lavados, aplica-se a
mistura com formol. Os cabelos são alisados com o auxílio da escova e do
secador. O secador, além de ajudar a esticar os fios, quebrando as ligações
fracas (de hidrogênio), auxilia na penetração do formol para o interior da
fibra. Em seguida, os cabelos são pranchados e mantidos nesse formato,
extremamente liso, por 72 horas. Nesse período de 72 horas, o formol vai
enrijecendo a queratina do próprio cabelo no formato esticado (pranchado). As
pontes dissulfeto da cadeia, que antes eram contorcidas e do tipo alfa α, agora
serão paralisadas em uma forma diferente, fazendo, forçadamente, ligações
cistínicas modificadas, com as cistinas das cadeias adjacentes. Ocorrendo um
efeito de “proteção” do enxofre: as pontes de dissulfeto (de enxofre) são
protegidas pelo formol, impedindo que se liguem contorcidamente. É como se as
pontes de enxofre que farão ligação com outras pontes de enxofre, fossem
“encapadas” pelo formol, impedindo que essa ligação se conclua, fazendo com que
as ligações fiquem separadas e mais distantes.
O formol também atua criando uma capa nos fios, que encobre os estragos
presentes na fibra, impermeabilizando-a. O efeito é o mesmo da calda vermelha
da maçã do amor: por fora, tudo fica lindo, liso e cheio de brilho. Mas basta
uma pequena mordida ou leve pressão para que a cobertura rígida comece a rachar
e quebrar. Os fios podem estar completamente danificados, mas, o formol,
criando essa capa de queratina irá mascarar os danos. Outra consequência desse
enrijecimento é o excesso de oleosidade na raiz, já que a produção sebácea
natural do couro cabeludo não consegue percorrer o fio.
Segundo alguns especialistas, após várias sessões da escova progressiva,
os cabelos podem ficar tão rígidos a ponto de se romperem.